-Mell? –me gritaram do meio da rua. E rapidamente fui ver quem era. Pedro estava literalmente um gato, não que ele me atraia, mas ele estava deslumbrante.
-Já estou descendo. –fiz um sinal com a mão para que ele me esperasse.
Desliguei o computar e desci as escadas como um furacão, e tranquei a porta da frente. Fui correndo ao encontro dele, e dei-lhe um abraço apertando. Senti que seu coração disparou, então resolvi me afastar.
-Meu Deus Pedro. –olhei para ele. –Vamos ao shopping apenas pra ver se arrumo um emprego, não para uma mega festa.
Pedro deu um sorriso, e passou a mão em seu cabelo, que incrível que pareça não tinha um pingo de gel e muito menos um topete.
-Deixa de ser boba, só achei legal mudar um pouco meu visual. –ele olhou para o carro que estava nos esperando. –Ah, e minha mãe resolveu ir também, tudo bem?
-Sem problemas. –dei um tchauzinho para a Sra. Sil. Ela me deu um grande sorriso. Voltei minha atenção para o Pedro. –Então vamos?
-Claro. –ele segurou na minha mão, e nós dois fomos juntos para o carro, estávamos parecendo um casal de namorados.
-Oi Sra Sil. Como você esta? –perguntei.
-Muito bem e você? –ela respondeu. Sra. Sil sempre foi muito elegante, ela parecia ter na base de trinta anos, mas na realidade tinha quarenta. Ela era um pouco maior que eu, cabelos castanhos cortados em V na altura dos ombros, magra e sempre estava vestida para matar.
-Estou bem também. Então a senhora resolveu nos acompanhar?
Sra. Sil olhou para o Pedro, fazendo um gesto para que ele explicasse tudo direitinho.
-Tudo bem, eu explico. –ele abaixou o rosto e depois virou para trás para poder me olhar nos olhos. –Na verdade, mais ou menos, é que você sabe como é minha mãe, ela é super curiosa. E quando cheguei em casa ela veio me perguntar como você estava, o que tinha acontecido.
Eu soltei uma grande gargalhada.
-E você como sempre, um fofoqueiro! –fiz cara de raiva pra ele.
Ele se virou para frente novamente, e ficou encarando as próprias mãos.
-Não tem problema Pedro, eu confio na sua mãe. –coloquei minha mão em seu ombro e depois lhe dei um beijo no rosto. Isso com certeza fez com que ele desse um enorme sorriso. Tenho uma leve impressão que isso não vai acabar bem, mas mesmo assim, tudo é apenas amizade.
Então a mãe dele resolveu quebrar aquele clima, ainda bem.
-Então já que estamos indo para o shopping, e você não vai ao treino, vamos divertir um pouquinho. –Sra. Sil falou.
-Boa idéia mãe, mas a Mell primeiro tem que ver se arruma algum emprego.
Balancei minha cabeça concordando com o Pedro.
-Sem problemas. –ela falou e deu um afetuoso sorriso para mim através do espelho retrovisor. –Enquanto você ajuda a Mell arrumar um emprego, eu vou à Peletó’s&CIA comprar um terno para o seu pai.
-Terno? –Pedro e eu perguntamos no mesmo momento.
-Isso mesmo, esse final de semana é a formatura do seu primo Fabio. –Sra. Sil falou para o Pedro, e depois falou para mim. –Você se lembra dele Mell?
-Aquele garoto megaaaaaaaa musculoso e gostoso? –corei depois que vi o que eu disse.
-Esse mesmo. –ela sorriu. –Ele terminou a faculdade de direito e logo vai começar uma pós graduação. Então eu falei com seu pai que você iria conosco na formatura.
-Ótimo. –assustei com a excitação na minha voz. –É bom que eu vejo ele de novo, relembrar os velhos tempos.
No mesmo instante o Pedro fechou a cara, e ficou todo emburrado. Ele não suportava o primo pelo fato que ele foi o primeiro garoto que eu beijei isso aconteceu há uns três anos atrás.
-O odeio. –Pedro falou.
-Seu bobo, por isso que te amo meu melhor amigo. –sorri.
-Ah Mell, me lembrei –Sra. Sil falou. –Você esta vendo esse pequeno embrulho do seu lado?
Eu o peguei na mão e coloquei no meu colo. Sra. Sil olhou pelo espelho retrovisor.
-Esse mesmo, é um presentinho para você.
-Nossa Sra. Sil, obrigada. –agradeci e logo fui abrindo o presente. Pedro logo se virou para trás por conta da curiosidade, com certeza ele não sabia o que era.
Quando olhei o que era fiquei muito feliz, era uma fotografia do natal retrasado onde eu estava com um vestido lindo vermelho e o Pedro com um gorro de natal me dando um beijo no rosto. E claro, também estava o Sr. Montez, pai do Pedro, Sra. Sil, Vovó Bia e o chato do meu pai.
-Nossa, que lindo! –falei e já sentindo as lágrimas brotarem nos meus olhos. –Muito obrigada.
-Por nada minha querida. Somos uma família, e sempre que quiser pode contar conosco.
Eu fiquei sem ter palavras e senti as lágrimas rolarem pelo meu rosto, e apenas deu um sorriso de alegria.
Só voltamos a falar quando chegamos ao shopping. E Sra. Sil estava estacionando o carro.
-Então vamos combinar de nos encontrar na praça de alimentação, ok?
Pedro e eu concordamos.
-Até daqui a pouco então. –ela nos beijou dois na testa e entrou pela a outra porta.
-Vamos tentar naquela loja Mell. –Pedro falou.
-A não Pedro, eu desisto.
-Vamos naquela, é a ultima.
-Ok, a ultima e se não tiverem precisando de vendedora nós vamos encontrar com a sua mãe. –falei.
-Tudo bem.
Entramos na loja e eu fui conversar com a gerente da loja, enquanto o Pedro olhava outras coisas.
A gerente me disse que no momento eles estavam com um movimento fraco, e que não tinha como contratar ninguém no instante, ouvi essa resposta milhões de vezes hoje. Eu queria saber como eles tinham a cara de falar isso, já que o shopping estava cheio. E como sempre, disse tudo bem e sai da loja. Pedro ficou mais um tempinho lá e depois saiu com uma sacola.
-O que é isso Pedro? –perguntei.
-Nada não, curiosa. –ele sorriu.
-Sou mesmo, pra quem é isso?
-Pra minha mãe. –ele deu um sorriso mais sarcástico.
-Sei viu.
Fomos para a praça de alimentação e logo encontramos a mãe dele, e sentamos na mesma mesa que ela estava.
-Pedi uma pizza para nós, e coca-cola. –Sra. Sil falou.
-E como foi Mell? Conseguiu encontrar emprego?
-Nada. Todos me falam a mesma coisa, que não estão contratando ninguém e o movimento esta fraco.
-Sempre assim Mell. Mas não desiste. –ela falou para mim e depois se virou para o Pedro. -E o que é isso meu filho? –ela apontou para a sacola.
-Ah, é para senhora. –ele piscou para a mãe, que deu um sorriso em retribuição.
-Muito obrigada, que filho carinhoso que eu tenho, não é Mell?
-É sim. –olhei para o outro lado.
Ouvi Sra. Sil abrir o presente e logo começou a ler um bilhetinho que tinha nele.
“Mellzinha
Você entrou na minha vida e fez ela valer a pena!
Tudo de especial acontece quando nós estamos juntos, e tudo que construímos juntos, ninguém, jamais irá destruir!
Milhões de palavras nunca irão explicar o que sinto por você.
Te amo!
Pedro”
Me virei no mesmo instante para os dois.
-Não era pra mim o presente, era pra Mell. –Sra. Sil falou me entregando um ursinho branco com o nariz em forma de coração e na barriga escrito EU TE AMO.
Peguei o urso e o bilhete, e foi ai que comecei a chorar de felicidade. Os dois ficaram olhando para como eu estava reagindo, e eu consegui falar através de alguns soluços.
-Obrigada Pedro... –solucei e depois continuei. -...te amo também, meu melhor amigo.
-Por nada. –ele sorriu, mas seu sorriso não foi o que eu esperava. O que ele estava esperando que eu fizesse? Sei lá, mas ele estava sendo um amor para mim.
Nesse momento a pizza chegou. Nós comemos e fomos embora. O trajeto de volta para a casa foi regado de muitas gargalhadas e brincadeiras.
-Obrigada Sra. Sil. –agradeci quando eu estava saindo do carro. –Foi uma tarde muito boa.
-Por nada minha querida. –ela me deu outro de seus sorrisos afetuosos. Sra. Sil era muito amiga da minha mãe, e nunca me atrevi a perguntar para ela o real motivo por minha mãe ter me deixado. Mas Sra. Sil era como minha mãe, e ela me disse uma vez que prometeu para minha mãe uma vez, que iria cuidar de mim como uma filha, isso foi antes de minha mãe me deixar.
-Pedro?
-Hum? –ele me olhou depois que voltou a sentar no banco do passageiro e fechar a porta.
-Você pode vir aqui em casa mais tarde? –perguntei.
-Claro. –ele sorriu. E logo depois eles foram embora.
Fui para a casa e me deitei no sofá, e minutos depois eu peguei no sono.
-Mell? Mell? Você esta ai?
Acordei assustada no mesmo instante, estava meio grogue ainda, mas fui em direção a porta e abri para ver o Pedro, que continuava sem um pingo de gel no cabelo, como ele estava lindo.
-Até que fim! –ele deu um sorriso e entrou. –O que você estava fazendo?
-Dormindo. –minha voz soou rouca.
-Percebi. –ele apontou para o meu rosto. –Olha essa marca de saliva na sua cara, que nojento.
-Aonde? –comecei a passar a mão na minha bochecha, em volta do meu rosto, mas não encontrei nada, e nisso o Pedro começou a rir. –Seu idiota.
-Calma, foi só uma brincadeira.
-Nunca mais faça isso ok?! É a pior coisa que eu podia ouvir.
-Desculpa.
-Tanto faz. –dei de ombros. –Vamos subir, quero te contar umas coisas.
Fomos para o meu quarto, e então eu liguei o computador e fui olhar se a Sabrynna estava online, e o pior que ela estava.
-Olha isso Pedro. –apontei para o monitor.
-O que? –ele olhou e viu o status da Sabrynna. –Esse fim de semana vai ter festinha.
-Não, não vamos à festa dela não. Nós já temos compromisso marcado com a sua mãe.
-Não brinca Mell. –raiva brotou em seus olhos. –Eu não vou à formatura do Fabio, ele é um corruptor de menores.
-Pára com isso Pedro. –me irritei. –Você esta com raiva dele só porque nós ficamos uma vez?
Pedro olhou nos meus olhos, mas não respondeu.
-Ok, vou tomar meu banho e você me espera aqui, eu já volto.
-Ta.
Peguei uma blusa de alcinha e um short jeans e fui para o banheiro.
Vinte minutos depois eu volto para o quarto. E vejo o Pedro conversando com a Sabrynna pela internet.
-O que você pensa que está fazendo?
-Eu estou falando com a Sa... –Pedro parou de falar.
-Você está falando com a Sabrynna que eu estou vendo mesmo, pois não sou cega. Mas porque você está conversando com ela?
Pedro não me respondeu e continuou a ficar me olhando. Eu fui até ele e dei um tapa na sua nuca como sempre fiz.
-Responde! –ordenei.
-Nada demais, ela quem veio falar comigo, ou melhor, com você. –ele continuava a me olhar. –E disse que nós dois estamos convidados para a festinha dela.
-Ahn? –fiquei confusa. –Como assim? Eu pensava que ela não se misturava com a classe media.
-Mell, dá uma chance pra ela. –ele continuava a me olhar de cima a baixo. –Ela ta tentando ser legal.
-Vou pensar. –eu falei. –Mas antes será que dá pra você parar de ficar olhando assim pra mim?
-Desculpa. –ele voltou sua atenção para a tela do computador.
Pedro e eu ficamos até tarde conversando, rindo das bobeiras que estamos falando e das brincadeiras que costumávamos fazer desde crianças. Esse momento foi cortado quando o celular dele tocou avisando que ele tinha uma mensagem de texto nova.
-Mell, eu tenho que ir pra casa. Você vai ficar bem sozinha?
-Não se preocupe Pedro, vou ficar bem sim.
-Tudo bem então. –ele me deu um beijo no rosto e se levantou. –Qualquer coisa você me liga que eu venho correndo.
-Pode deixar.
-Boa noite, até amanha! –ele falou.
-Até amanha amigo.
Ele saiu do meu quarto e se foi me deixando sozinha naquela casa. Eu senti um frio na espinha em só de pensar, então resolvi em ficar mais alguns minutos no computador.
Sabrynna veio falar comigo.
“É a Mell que está ai agora?”
“Sim Sabrynna, sou eu. O que você quer?”
“Queria saber se você está bem, porque o seu amigo me disse que você estava sozinha, que seu pai foi viajar.”
“Pedro é um fofoqueiro mesmo. Mas estou sim, o que isso tem a ver?”
“Eu só pensei se você estaria bem sozinha, se quiser pode vir aqui para minha casa, ou se quiser vou para a sua. Tanto faz, porque também estou sozinha até minha mãe voltar.”
“Você não tem suas amiguinhas? E seus empregados? Você não está sozinha igual a mim.”
“Eu estava apenas sendo gentil, mas já percebi que com você não tem isso. Nem devia ter falado com você.”
“Ok foi mal. Mas não precisa, eu estou bem.”
“Tudo bem. Você vem para minha festa de fim de semana?”
“Não sei, vou pensar.”
“Ok. Eu vou dormir, até amanha Mell. Durma bem.”
“Valeu Sah, idem pra você.”
Essa noite eu e a Sabrynna tivemos uma conversa mais ou menos produtiva, e alem de tudo ela foi bem legal comigo e isso me fez sentir bem melhor. Pedro foi ser fofoqueiro, mas fez apenas pra tentar me ajudar. E mais, ela me convidou mesmo para a sua festa, não foi brincadeira do Pedro por querer invadir a festa da Sabrynna. Nós fazíamos isso desde treze anos, na época que a Sabrynna passou a ser a realeza popular do colégio.
Desliguei o computador e me deitei na cama, peguei meu celular e olhei minha agenda telefônica. Encontrei o que eu queria, o numero do celular do primo do Pedro.
“Oi Fábio, como você está? Aqui é a Mell, você lembra de mim?”
Não demorou muito para ele me responder.
“Claro que eu lembro. Estou bem sim, e você? Pensei que nunca mais você iria lembrar de mim.”
Eu não sei por que eu resolvi mandar mensagem para ele.
“Tudo ok comigo. Essa tarde sua tia me falou sobre você, ai eu senti saudades. E fiquei sabendo que você se formou parabéns.”
Ele respondeu no mesmo momento.
“Valeu Mell, será que amanha posso te ligar?”
Claro que ele não podia me ligar, o Pedro ia ficar fulo da vida comigo se descobrisse.
“Claro que pode.”
Porque eu respondi que podia? O que eu estava fazendo?
“Ok. Agora vou dormir boa noite Mell. Beijos.”
Amanha eu não vou atender ele.
“Boa noite.”
O que eu fiz? Porque eu tava conversando com ele de novo? Eu nunca mais o vi, e fora que eu não gostava dele. O que eu pretendia? Tomara que ele esqueça de me ligar amanha.
De tanto eu pensar nele, e no flerte que eu tive com ele, acabei pegando no sono.
Acordei com os gritos do Pedro vindo da rua, me assustei e olhei no relógio que já eram quase sete da manha.
-Que merda, eu estou atrasada. –levantei depressa de mais que quase cai de cara no chão. Fui até a janela do corredor que dava para a rua e pedi para que o Pedro me esperasse.
Em menos de dez minutos eu já estava saindo de casa sem nem poder tomar café. Entrei no carro do Pedro e seguimos para o colégio como um furacão. Pedro estacionou na ultima vaga que restava no estacionamento e fomos correndo para a sala. O professor Ricardo já estava aplicando uma prova e quando nos viu fez cara de quem desaprova atrasos e nos deixou entrar.
Terminei a prova em questão de minutos e sai da sala, pois o professor avisou que quem terminasse teria que esperar lá fora. Então logo depois saiu a Sabrynna e como só nós duas tínhamos terminado a prova ela veio falar comigo. Ela odiava falar diretamente em publico comigo, se não fosse para me xingar, é claro.
-Oi Mell. –ela falou.
-O que você quer? –já fui logo perguntando.
-Vejo que é bem difícil falar com você sem ser agredida verbalmente.
-Pára de frescura garota, nem te agredi, ainda. Mas o que você pretende vindo falar comigo? –perguntei novamente. Nesse momento Pedro e mais duas amigas dela saíram da sala, e quando ela percebeu já começou a brigar comigo.
-Nunca mais dirija uma palavra para minha pessoa, ouviu? –Sabrynna apontou o dedo na minha direção.
-Ficou louca? –perguntei. –Você que veio falar comigo.
-A louca aqui é você. –ela me empurrou. –Sua imunda nojenta.
Sabrynna me deu as costas e saiu andando com suas duas cadelinhas atrás, com certeza elas me davam nojo e desprezo.
-O que aconteceu Mell? –Pedro me perguntou.
-Eu não sei. –dei de ombros. –Vamos?
-Aonde?
-Lá pra baixo. –apontei para o pátio.
-Ah, vamos então. –ele concordou. Pedro sempre fazia tudo o que eu queria, se eu pedisse qualquer coisa ele faria. Então ele segurou na minha cintura e fomos para o pátio. Mas como era minha sina encontrar a realeza da Sabrynna em todos os lugares, e claro que encontrei, dei de cara com ela sentada aonde eu e meu melhor amigo sentávamos sempre na hora do intervalo. Parei no mesmo instante e olhei para o Pedro.
-Ela deve ta brincando comigo não é? –apontei para a Sabrynna debaixo da árvore.
-O que tem a Sah estar sentada onde sempre sentamos?
-Se liga Pedro, aquele é o nosso lugar.
Pedro me olhou nos olhos e começou a rir de mim e segurou no meu braço e começou a me arrastar em direção a árvore.
-Pronto Mell, senta ai. –ele apontou o lugar para eu me sentar e jogou a sua mochila no tronco da arvore e depois se deitou sobre ela. –E nós podemos muito bem dividir esse lugar com indivíduos que não são nem um pouco agradáveis.
Não acredito que o Pedro estava insultando a Sabrynna, pelo menos indiretamente. Sabrynna olhou para o Pedro com cara de quem estava prestes a matá-lo sufocado com sua bolsa. Mas ela acabou virando o rosto para o outro lado.
Eu acabei de sentando ao lado dele, e sorrindo pelo o que ele tinha acabado de dizer. Mas minha felicidade estava prestes a acabar quando meu celular começou a tocar. Quando olhei no visor, meu Deus estava o nome da pessoa que eu menos queria saber agora, Fábio.
Coloquei meu celular no bolso novamente, e o Pedro logo me encarou.
-Não vai atender?
-Não é nada importante. –dei de ombros. –É um carinha que fica me ligando sempre.
-Então me deixa falar umas poucas e boas, ai ele vai aprender a nunca mais te ligar.
Antes que eu percebesse o Pedro já tava com meu celular em sua mão, encarando o visor com a boca aberta de quem não estava acreditando no que estava vendo.
-Porque meu primo está ligando para você?
-Não sei. –abaixei a cabeça.
Pedro jogou o celular no meu colo e saiu andando sem me dizer nada. Eu não tive coragem de ir atrás dele para poder me desculpar, já que eu sabia por que o primo dele estava me ligando.
Acabei atendendo o celular.
-Alô. –falei
-Poxa Mellzinha, pensei que você não iria me atender. –o Fábio me chamava assim só para irritar o Pedro, então isso quer dizer que ele pensava que o Pedro estava perto de mim.
-Desculpa, estava ocupada.
-Sem problemas minha Mellzinha. –desde quando eu era dele? –Pedro está perto de você?
-Não, não está aqui não.
-Hum. Então você vai vir para a minha formatura? Estou louco pra te ver. –a voz dele começou a ficar mais alegre pelo celular, e isso eu percebi. –Fiquei sabendo que você está linda, ganhou corpo, que está bem linda e boa.
-Não sei. –eu não queria responder, e ele estava fazendo perguntas sobre o meu corpo, meu Deus eu não queria mais nada com ele e muito menos perder minha virgindade. –Acho que esse fim de semana não vamos poder nos ver. –olhei para a Sabrynna e, ela também olhou para mim com um olhar de “não fala que você vai a minha festa”, e apenas acenei com a cabeça bem devagar.
-Por quê? –ele perguntou.
-Esse fim de semana vou para a casa da minha avó. –menti. –Tenho que desligar. Tchau.
Acabei desligando na cara do Fábio sem dar-lo a chance de se despedir de mim.
As amigas da Sabrynna saíram de perto dela, com certeza para retocar a maquiagem, e ela veio conversar comigo.
-Mell? –ela me chamou.
-Hum? –respondi sem olhar para ela.
-Valeu por você não ter falado nada sobre a minha festa.
-Tudo bem, vou esperar você anunciá-la primeiro para depois poder dizer que vou invadi-la. –sorri. –É isso que sou uma penetra de festa, mas sem meu melhor amigo.
-Você não é uma penetra, eu te convidei. –ela retribuiu o meu sorriso. –E por que o Pedro saiu daqui daquela maneira?
-Longa historia. –me escorei no tronco da árvore e percebi que a mochila do Pedro ainda estava lá.
-Se você conseguir resumi-la em menos de cinco minutos eu posso te ouvir.
-Acho que posso. –o que eu estava fazendo? Ela não é minha inimiga? –Primo do Pedro. Meu primeiro beijo foi com ele. Pedro o odeia. Mandei mensagens para o Fábio ontem à noite. Ele me ligou. Menti para o Pedro. Ele ficou com raiva. E agora o cara que tirar minha virgindade.
-Como assim?
-Não entendeu nada?
-Não é isso, eu entendi. –ela deu um sorriso. –Você ainda é virgem? E ele falou desse jeito.
Parabéns Mell, acabou de dar uma ótima noticia para a sua inimiga. Agora posso me preparar, a noticia vai se espalhar daqui dez minutos.
-Pra que você quer saber? –perguntei. –Vai espalhar para todo mundo?
-Não. –ela abaixou a cabeça. –Isso é uma intimidade sua, e não é da minha conta. E nossa rixa não tem nada a ver com nossas intimidades.
Milagre, pela primeira vez ela falou alguma coisa sensata.
-Depois a gente conversa. –me levantei, peguei minha mochila e a do Pedro e fui me afastando da Sabrynna. –Preciso encontrar o Pedro.
Voltei correndo para a sala na esperança de encontrar o Pedro lá, mas ele não estava. Coloquei sua mochila em cima de sua carteira e me dirigir a minha. Me sentei e abaixei a cabeça.
Meus pensamentos estavam a mil por hora. Primeiro eu estava pensando no que eu tinha acabado de falar para a Sabrynna. Saber sobre a minha virgindade foi um prato cheio para ela e com certeza ela iria espalhar para todos do colégio ou iria me chantagear, mas acho que isso era neurose minha, ela nunca falou sobre minhas intimidades do mesmo modo que eu nunca falei da dela, ou pelo menos nada que os outros já sabiam.
O professor de química entrou na sala, Sr. Phillip. Era um senhor com feições alegres, e literalmente era um senhor. Ele já estava perto de se aposentar. Sr. Phillip pediu para que fizéssemos algumas experiências em dupla. Eu fui diretamente ate o Pedro pedir para ele fazer dupla comigo, mas ele já tinha chamado o Wallysson, um garoto moreno e gordinho que sentava na frente. Então resolvi voltar para o meu lugar e acabei fazendo a experiência sozinha.
No intervalo o Pedro nem se quer veio falar comigo, e não me olhou ate o final da aula. Então resolvi pegar o ônibus para voltar pra casa, mas antes que eu saísse do colégio o Pedro veio falar comigo.
-Mell? –ele me gritou.
-Oi? –me virei para poder olhá-lo.
-Me desculpa?
-Não Pedro, me desculpa você. –pedi. –Eu quem procurei o seu primo ontem à noite. Eu não sei o que estava pensando na hora.
-Não quero discutir sobre ele mais. –ele segurou minhas mãos. –Mas será que posso te pedir uma coisa?
-Claro.
-Me promete nunca mais ligar para ele, ou mandar mensagens?
-Já esta prometido. –levantei uma mão.
-Então vamos embora. –fomos para fora do colégio de mãos dadas.
Quando estávamos perto da portaria do colégio, encontro as cadelinhas da Sabrynna entregando convites para algumas pessoas, com certeza as que foram escolhidas. Não me pergunte como elas fazem isso, mas elas escolhem quem elas querem. E também tinha um aglomerado de pessoas ao redor da Sabrynna que estava fora do colégio.
Uma das cadelinhas da Sabrynna me entregou dois convites, e apenas mexeu com os lábios “não sei por que ela te convidou!”. Embolei os convites e enfiei no meu bolso de trás, com certeza eles estavam se humilhando
-Resolveu ir? –Pedro me perguntou.
-Não, eu não vou. Eu nem sei por que aquela cadelinha me entregou esses convites.
-Ok então.
Entramos no carro do Pedro e fomos embora.
A semana terminou muito estressante, sem contar que o Fábio lotou meu celular de mensagem, mas prometi ao Pedro não responder nenhuma.
Até que em fim o fim de semana chegou, e eu vou encarar a festinha da Sabrynna, já que acabei prometendo a ela que eu iria, mas o Pedro iria só depois da formatura do primo.
Minha manhã de sábado passou voando e quando me dei conta já era noite e meu celular estava tocando. Olhei no visor e estava escrito Sabrynna.
-Oi Sah. –falei.
-Você não amarelou né? –ela perguntou.
-Claro que não, mas eu vou ficar totalmente deslocada ai.
-Não, você não vai. –ela me falou com muita confiança.
-Como não vou?
-Você vai ficar perto de mim
-Ainda não entendi. Me explica.
-Não é literalmente perto de mim, e sim tecnicamente.
-Sabrynna deixa de ser burra. –falei. –Suas cadelinhas raivosas nunca que vão deixar que eu fique perto de você.
-E quem te disse que elas vão está lá?
-E não vão? –falei um pouco espantada. –Elas vão ficar fulas da vida com você.
-Problema delas. Os convites acabaram e elas foram lerdas demais e não guardou nenhum.
-Entendi agora.
-Até que fim, então te espero aqui. Tchau.
-Tchau. –desliguei o celular e fui tomar o meu banho.
Escolhi um vestido xadrez vermelho que é no formato de tomara que caia, e que batia na altura das minhas coxas. Peguei minha bota preta de cano alto e salto plataforma e calcei. Passei uma maquiagem leve e dei uma ajeitada no cabelo.
Peguei meu celular e liguei para o Pedro, pois ele disse que queria me ver quando eu estivesse arrumada. No segundo toque ele me atendeu.
-Mellzinha. –ele falou.
-Te liguei para avisar que já estou pronta.
-Já estou indo te ver.
Antes que eu pudesse responder alguma coisa o celular já estava mudo.
Em menos de cinco minutos o Pedro já estava me gritando que nem um louco do meio da rua. Quando eu apareci na porta da minha casa, ele ficou que nem um garoto que tinha acabado de ganhar o presente dos seus sonhos.
-Meu Deus Mell. –ele fez com que eu desse uma volta. –Como você esta linda.
-Valeu amigo. –segurei meu vestido dos dois lados e dei uma reverencia pra ele como as mulheres de antigamente. –Você também esta lindo.
Ele estava com blusa, calça, e sapato social, e na sua garganta tinha uma gravata bem mal arrumada.
-Esta querendo se enforcar? –perguntei arrumando sua gravata.
-Você sabe que eu não sei arrumar isso. –ele colocou suas mãos em minha cintura. –E fora que sai correndo de casa pra poder vir te ver.
-Você devia ter terminado de se arrumar antes de vir.
-Não, eu estava muito curioso. –ele sorriu. –Ah, e minha mãe falou para você pegar o carro da minha irmã para você poder ir em segurança pra casa da Sah.
-Poxa Pedro, fala com a Tia Sil que muito obrigada. –dei um beijo no rosto dele. –E que horas você vai pra lá?
-Quando eu sair da formatura do Fábio eu vou pegar um taxi e ir pra festa.
-Então eu vou te esperar lá.
-Ok.
Quando eu estava abrindo a porta para poder voltar para casa, o Pedro segurou o meu pulso.
-Mell?
-O que? –perguntei.
-O Fábio soube da festa.
-Da Sah?
-Sim. –ele abaixou a cabeça.
-Como ele soube? –perguntei assustada.
-Minha mãe contou pra ele. –ele olhou para a casa dele. –E ele resolveu vir aqui pra casa e passar o fim de semana. Eu não queria te pedir isso, mas será que você poderia pedir para a Sabrynna deixar ele entrar na festa?
-Meu Deus Pedro, eu não quero que ele vá.
-Mas minha mãe disse que eu tenho que levá-lo.
-Ok. –soltei um palavrão. –Eu falo com ela.
-Ok. –ele me deu um beijo no rosto. –Eu vou lá buscar o carro para você e deixar aqui na garagem. –ele segurou o meu queixo e fez com que eu olhasse nos olhos dele. –Prometo não demorar.
-Tá bom. –abri a porta e fui para dentro de casa.
Agora sim que minha vida virou literalmente uma merda. O cara que está louca pra transar comigo vai passar o fim de semana na casa do meu melhor amigo e eu com certeza não vou ter um pingo de sossego. Com certeza esse iria ser o pior fim de semana.
Chegando a casa da Sabrynna, que com certeza não era uma casa e sim uma mansão, estacionei meu carro (na verdade da irmã do Pedro) numa pequena vaga que tinha no passeio, eu era boa em baliza.
Quando a Sabrynna me avistou veio correndo me encontrar. Ela esta deslumbrante. Uma blusa super colada no corpo, que realçava os seios dela, um mini short, eu podia ver o útero dessa garota, e um super sapato de salto alto.
-Até fim garota. –ela segurou na minha mão.
-Calma ai minha filha. –puxei a minha mão. –Não sou sua amiguinha que você pode ficar puxando pela mão. E se liga, se esse pessoal ver isso eles vão pensar que estamos tendo um caso.
-Se eu fosse você reparava melhor. –ela apontou o dedo pra todos. –A maioria já estão bêbados e nem vão reparar na gente.
-E os que não estão? –perguntei.
-Quero que eles vão para o inferno. Hoje à noite eu vou arrumar um homem para você.
-Não comece. –puxei o braço dela. –Eu não quero perder minha virgindade tão cedo.
-Esta se guardando para o Pedro?
Essa garota só pode estar bêbada também, eu não estou me guardando para ninguém. Só estou esperando o momento certo.
-Vai à merda. –Eu já estava voltando para o carro quando ela segurou meu braço.
-Foi mal.
-Tudo bem. –sorri. –Mas preciso falar com você.
-Vou logo te avisando, não posso tirar sua virgindade. –ela caiu na gargalhada.
-Deixa de ser retardada. –dei um tapa em seu braço a fazendo dar um grito. –O primo do Pedro vai vir, será que tem como ele entrar?
-O taradão? –ela piscou pra mim.
-Vai te ferrar. –sorri pra ela. –É o Fábio.
Sabrynna começou a rir de mim.
-Claro. A entrada dele está liberada.
